O CREAS - Centro de Referência Especializado da Assistência Social em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e os CRAS I e II, se mobilizam no enfrentamento ao abuso e exploração sexual contra criança e adolescente. O tema será discutido em uma palestra ministrada pela psicóloga Dânia Cristina de Castro Leopoldino, no próximo dia 11, a partir das 14 horas, no CRE - Centro de Referência em Educação, a rua Padre Paulo de Toledo Leite, nº 411. O evento é aberto ao público.
O assunto, que normalmente desperta repulsa e emoções intensas, merece atenção para que seja adquirida a conscientização necessária para o combate deste tipo de violência, prevenindo vidas, zelando pelo desenvolvimento e proteção das crianças e adolescentes, e responsabilizando os autores da violência.
No Brasil, dados mostram que a cada hora, três crianças são vítimas de abuso, representando que 70% dos estupros ocorrem com menores de idade.
Manifestação da violência sexual
Algumas crianças chegam a verbalizar as experiências, e não é raro que os adultos acreditem tratar de fantasias. Vale lembrar que pesquisas apontam que apenas 6% das crianças relatam experiências que não são reais. Principalmente pelas experiências nem sempre serem violentas e por serem realizadas com pessoas de seu círculo de confiança, existe enorme dificuldade em entender o que possa estar acontecendo e, consequentemente, pedir ajuda.
A criança não entende que está sofrendo um tipo de violência, ficando sem saber como agir ou reagir. É fundamental que pais e professores fiquem atentos à linguagem não-verbal de pedidos de ajuda ou sinalizações de trauma, normalmente expressos em comportamentos, produções gráficas ou produções lúdicas.
Conheça os possíveis sinais de abuso
Perturbações no sono: a criança tem dificuldade para dormir ou fica com o sono agitado, podendo haver ainda pesadelos recorrentes. Como frequentemente os abusos ocorrem na cama, a criança acredita que, ao evitar o sono, poderá estar se protegendo do agressor.
Alimentação: o apetite pode aumentar ou diminuir.
Desempenho na escola: dificuldades de concentração, recusa na participação de atividades, queda no desempenho e aproveitamento escolar.
Mudanças de comportamento bruscas e repentinas: podem envolver desde o desinteresse por atividades que costumam lhe dar prazer, até regredir, recorrendo a comportamentos infantis que já havia abandonado, como voltar a chupar o dedo ou fazer xixi na cama. É comum também que apresentem medos que não possuíam antes, como medo do escuro. Nos desenhos, chama a atenção quando a criança, que nunca manifestou questões de sexualidade, passa a desenhar órgãos genitais, reproduções dela com expressão triste, posições sexuais, etc.O uso de palavras diferentes das aprendidas em casa para se referir às partes íntimas também é motivo alerta.
O agressor nem sempre é um homem
Apesar de menos comum, mulheres também praticam violência sexual infantil. Dados da Polícia Federal revelam que a cada dez pedófilos, um é mulher. O que ocorre é que, em geral, as mulheres são denunciadas com menos frequência. Algumas razões podem estar ligadas a este fato: ausência de penetração durante o abuso, a cultura machista que vê como algo normal as relações precoces entre meninos e mulheres mais velhas ou o receio da família de, ao denunciar, transformar o fato em um trauma muito maior, interferindo na orientação sexual dos garotos.
Prejuízos emocionais devastadores
A criança e adolescente estão em desenvolvimento não apenas em sua forma física, mas também nos seus aspectos psicológicos e emocionais. Vivenciar um trauma como este pode impactar de maneira devastadora sua integridade. O abuso sexual infantil pode desencadear o desenvolvimento de transtornos de personalidade, quadros graves de depressão ou ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, autoimagem prejudicada, dificuldades em se vincular afetivamente estabelecendo relações de confiança, e também mobilizar um enorme sentimento de culpa, ligado ao fato de guardar um segredo, e, em momentos futuros, ao recuperar memórias do trauma, sentir-se impotente, vulnerável, conivente e, até mesmo, repulsa por qualquer sensação corporal prazerosa que possa ter ocorrido naquele momento de inocência.