Com o apoio da Prefeitura Municipal, por meio de Decreto de intervenção e Requisição e uma Diretoria Executiva e conselhos envolvidos em um trabalho conjunto, a Santa Casa de Garça, que administra o Hospital São Lucas, completa 68 exatamente com este desafio ? manter as portas abertas, a manutenção dos serviços e, o quanto possível, investimento na estrutura.
A segunda-feira, dia 12 de fevereiro de 2018, é o dia em que o hospital completa 68 da fundação, mas o prédio pronto, segundo informação conseguida, só foi entregue em 1962. Tratava-se de uma obra que foi fruto de uma ideia quase utópica, e, como já foi dito em reportagens anteriores sobre este assunto, era utópica mesmo numa época em que a economia local estava em franca ascensão devida à pujança do mercado agrícola cafeeiro, característica histórica que colocava Garça naqueles e nos próximos anos, na opinião popular, como a Capital Mundial do Café graças à grande produção nas fazendas que ficavam dentro de seus limites.
Naqueles anos, o apoio de agropecuaristas, comerciantes e da população foi decisivo para que o majestoso prédio pudesse ser levantado e concluído. E tudo graças à ideia e iniciativa de Monsenhor Antonio Magliano, padre que mobilizou toda a comunidade e teve a parceria de João Manzano para encabeçar esse desafio.
A atitude benemerente de Jennings Kendrick Williams (o mesmo que empresta seu nome ao Lago Artificial ? ?J.K.Williams?), foi fundamental para que a construção do novo hospital pudesse ocorrer. Ele cedeu 16 mil metros quadrados de terreno com localização privilegiada.
A Ata da Assembleia Geral para a fundação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Garça aponta o dia 12 de fevereiro de 1950, às 14h30, como a data e horário da reunião ocorrida no Auditório da Rádio Clube de Garça ? atual Rádio Centro-Oeste, então localizada à Rua Heitor Penteado, piso superior onde, atualmente, funciona a ?Cirandinha Calçados?.
O encontro envolveu diversos representantes da sociedade/comunidade garcense com o objetivo de estudar, discutir e deliberar sobre a fundação. A Ata foi elaborada por Roque da Silva Ferreira, servindo, então, de secretário.
A PALAVRA DO PRESIDENTE
Mansur William Baracat, atual presidente da Diretoria Executiva da Santa Casa, falou de suas perspectivas quanto aos destinos do único hospital-geral da cidade. ?Hoje, o Hospital São Lucas está aí com a Intervenção e nós fazemos parte da diretoria e o que me prende mais nesses 68 anos, é o trabalho histórico das irmãs franciscanas. São muitas décadas conosco e com a comunidade de Garça. Isso é uma vida. Cheguei a conviver com as irmãs Valentina, Daniela, Renata, Rosa, e atualmente quem está conosco é a Irmã Vera e a Irmã Marilde e tudo o que diz em nome de Deus, em nome da família e em nome da religião, temos de conviver e apoiar. Estamos aqui para representar a comunidade, deixando o hospital com as portas abertas?.
A comentar a crise econômica por que passa a Santa Casa de Garça e tantos outros filantrópicos do país, William Baracat analisou: ?Em termos de Brasil, estamos passando por grande falta de dinheiro e aqui no hospital eu vivi duas situações diferentes ? uma no passado, quando as doações vinham até nós, até a Santa Casa ? e uma no presente, que é o fato de todos estarem em crise e com falta e dinheiro. Sempre gostei de desafios e agora tenho o apoio da diretoria, como o empresário Aparecido Caldamone, o Luiz dos Santos Filhos, entre outros. Temos um bom relacionamento e não decidimos as coisas sozinhos. E quanto à Intervenção, o prefeito foi muito corajoso em abraçar essa causa. Temos aqui os dois interventores, que são o Paulo Henrique Tramontini e a enfermeira Renata Ribeiro Branco, que são duas pessoas competentes e conscientes do que estão fazendo. Uma atitude como essa que nosso atual prefeito tomou, se tivesse sido tomada há dez anos, a situação do hospital não seria esta, mas bem diferente. A situação, no passado, era mais favorável, mas eu tenho a certeza que iremos manter o hospital de portas abertas?.
O presidente da Santa Casa ainda acrescentou: ?Quem é dono da Santa Casa é a população e ela tem de estar consciente e nos ajudar, porque se o hospital fechar, não vai ter nem ambulância suficiente para levar pacientes para Marília. Semana passada um grupo de jovens fizeram uma campanha e arrecadaram quase 500 litros de leite e isso foi de grande ajuda. Daí um exemplo, pois sentimos que a comunidade ? o povo garcense ? tem um compromisso consigo mesmo, que é deixar o hospital de portas abertas?.