As Residências Terapêuticas de Garça completaram um ano de funcionamento e a administração pública sente-se feliz e realizada em ter implantado um atendimento mais humanizado, permitindo o resgate da dignidade e da identidade das 40 mulheres, que agora residem em confortáveis casas, conquistando gradativamente o direito de poder fazer parte de uma sociedade.
A inserção em ambiente doméstico e acolhedor trouxe grande impacto na vida dessas mulheres, boa parte com mais de 60 anos de idade, que passaram décadas internadas nos Hospitais Psiquiátricos de Garça Irmã Valentina e André Luiz, além de um hospital de Tupã. A maioria carregava marcas mais severas que àquelas deixadas pela própria doença.
Segundo a psicóloga da Rede Municipal de Saúde, Talita Alencar, a desinstitucionalização foi instintiva e imediata por parte delas. ?Bastou saírem do ambiente hospitalar, que a maioria resgatou hábitos simples, como se alimentar sozinhas, usar o banheiro, portar-se adequadamente, sem muitos dos comportamentos disfuncionais, facilmente observados em ambiente institucional. Elas desbravaram novas possibilidades em seus territórios e se apropriaram afetivamente desse lar, sentindo-se pertencentes a ele, sendo cuidadas de maneira humana, solidária e afetiva pela equipe de profissionais?.
As moradoras participam de atividades integrativas, culturais, bem-estar e lazer, como festas e passeios pela cidade. As quatro Residências Terapêuticas contam com cuidadoras, técnico, enfermeira e serviços gerais em cada uma delas. As casas estão localizadas em pontos estratégicos, em espaços que facilitam o acesso aos serviços de saúde, próximas a pontos de ônibus, equipamentos de cultura, lazer e comércio. Além disso, as mulheres são acompanhadas pelas Unidades de Saúde da Família (USF), pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA), quando necessário.
As Residências Terapêuticas foram instituídas pela Portaria/GM nº 106 de fevereiro de 2000 e são parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde, porém só foram instaladas em Garça pela atual gestão, que não apenas em cumprimento a lei, mas implantou com muita dignidade e respeito à desinstitucionalização no município.
A Prefeitura acreditou na proposta e investiu energia e recursos para dar a essas mulheres a oportunidade de terem casa, vida social, afeto e dignidade. Com a reestruturação dos serviços de saúde em Garça, as Residências Terapêuticas passaram a gerenciadas pela Sociedade Beneficente Caminho de Damasco, com o aporte financeiro e acompanhamento da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde.